Eu sou da geração que viveu a primeira infância analógica. Brinquei no play do prédio, colecionei papel de carta, assisti TV Colosso e alugava fita VHS na sexta para só devolver no domingo. Computador? Nem sonhava. Mas aí, quando os 11/12 anos bateram na porta, ele chegou: o glorioso PC off-white, estacionado no canto da sala, com as caixinhas de som que faziam barulho de disco voador quando alguém ligava no celular tijolão. A internet discada vinha com o CD da UOL prometendo mil e quinhentas horas por 10 reais e a webcam era uma bolinha que eu usava mais como enfeite do que qualquer outra coisa.

Foi aí que tudo começou.
Aprendi HTML na raça. Criei sites do zero, editei meu MySpace com glitter e letras piscantes, trecho de músicas e muitos giffs, instalei o tal do MSN Plus com janelinhas personalizadas e nicknames refletindo uma decepção amorosa, afinal drama queen desde sempre. Tive Fotolog (com uma foto do rolê por dia e legenda profunda). E, claro, escrevia em blog. Escrevo desde 2004. Já tive blog de desabafos adolescentes, de música, de moda, da Xena (meu seriado favorito da vida). E agora esse aqui, com mais maturidade, mas com o mesmo amor.

Hoje, no meio do caos digital, escrever aqui me traz liberdade.
Porque, diferente das redes sociais, o blog ainda é um espaço de respiro. Um lugar onde posso ser eu mesma, sem medir cada palavra, sem a sensação constante de que estou em um campo minado onde qualquer vírgula fora do lugar pode virar polêmica.
Nas redes, o algoritmo exige perfeição:
No Instagram, é preciso parecer esteticamente impecável.
No X (ou Twitter, ou “Xuítter”), você tem que ser 100% desconstruída, afiada e informada, pronta para debater absolutamente tudo. De geopolítica à fofoca de reality show, com fontes, ironia e bom humor.
No Threads… estamos tentando, né?
E no Facebook… alguém ainda usa?
A verdade é que a internet que me formou era mais ingênua, mais experimental. Hoje, ela virou um espelho distorcido, que nos força a comparar nossas vidas com filtros irreais, a brigar por opiniões, a defender bandeiras em modo de sobrevivência.
É cansativo. E, às vezes, desanimador.
Mas aqui no blog? Aqui eu respiro.
Posso escrever sem a ansiedade de curtidas, sem medo de errar ou ser cancelada.
Posso ser leve num dia, profunda no outro. Contraditória, inclusive, como todo ser humano é.
Aqui não tem “close certo”, nem “textão pra engajamento”. Tem só eu.
E isso, minha amiga, é uma liberdade que eu não troco por nada.
Se você chegou até aqui, obrigada por me ler.

E se quiser desabafar, conversar, ou simplesmente lembrar como era bom personalizar o cursor do mouse com glitter… os comentários estão abertos. 💻✨
Com carinho (e nostalgia),
Carolyne <3
Enquanto lia seu blog, fiz uma viagem no tempo… que época boa! Cada geração vai ter suas peculiaridades, mas de fato, fomos os últimos analógicos. E nem precisa ser muito analítico pra percebermos que o senso de comunidade se perdeu há muito tempo nas redes sociais. Surgiram coisas boas. Outras, nem tanto… mas vejo uma tendência analógica e mais intimista surgindo, como uma florzinha na calçada de concreto… quem sabe, né?