Viajando de avião com cachorros

A possibilidade de separar a família nunca existiu. Vir para Toronto era nosso plano e isso englobava todos os quatro membros da família: Carol, Rodrigo, Tony e Scarlett.

Durante todo nosso processo de visto e matricula na faculdade, estudamos também as formas de viajar com os cachorros. Lemos varias vezes as politicas de transporte de TODAS as companhias aéreas que fazem o trecho Rio-Toronto. Depois de muito ler e debater, escolhemos a United. Pois nela teríamos a possibilidade de levar o Tony na cabine.

Nosso Tony Stark é um vira lata resgatado, de porte pequeno que pesa aproximadamente 8kg.
E a Scarlett é uma yorkshire que foi abandonada com 2 aninhos e adotada por nos após uma breve temporada de lar temporário. Ela é porte mini e pesa menos de 2,5kg.

Ambos vieram na cabine porém com status diferentes. Scarlett veio como pet, em uma bolsa flexível, onde ela e a bolsa pesavam 3kg. Pagamos $ 150 pela passagem dela.
Já o Tony veio como animal de suporte emocional. Para isso ele não precisou de bolsa ou casinha. Ele veio apenas a coleira e guia. Devidamente sinalizado como animal de serviço, não precisamos pagar nada por ele, mas tivemos que apresentar muitas outras documentações para comprovar e garantir o status de animal de suporte emocional, como laudo da minha psicologa e da veterinária dele.

Uma das únicas fotos que temos dessa aventura, já que era impossível fazer tudo e ainda tirar foto.

O Canadá exige vacina anti-rábica em dia. Li em muitos lugares que devemos dar a vacina com 90 dias de antecedência do embarque. Mas fizemos com bem menos dias e não tive problemas. Dei entrada em toda documentação pedida pelo Ministerio da Agricultura para que seja autorizada a viajem com animais (atestados, formulários e cartão de vacinação). Também mandei traduzir toda essa documentação para o inglês (fiz por minha conta, achei melhor ter documento sobrando do que faltando, mas acabei não precisando das traduções).

Durante o voo ambos se comportaram muito bem. Estavam de fralda (comprei fralda especial de cachorro – tem a de macho e a de femea) e casaco. Sentamos na fileira do meio e o passageiro que estava sentado conosco mudou de lugar, deixando a cadeira entre eu e Rodrigo livre para os dogs. Mesmo sendo contra as regras, tirei a Scarlett da bolsa e coloquei ela junto do Tony na cadeira. As aeromoças foram uns amores, nos deram uma garrafa de água mineral, copo descartável e uma refeição de frango, para que déssemos para eles durante o trajeto mais longo (quase 9 horas). Também pude leva-los para dar uma voltinha pelo avião e eram a sensação! As pessoas pegavam eles, brincavam, tiravam fotos e davam os parabéns por estarem tão bem comportados, pois não latiram nem choraram. Se ninguém visse, era impossível dizer que tinham dois cachorros naquele voo.

Na conexão nos Estados Unidos tudo correu bem, embora seja muito cansativo fazer todo o processo de conexão/ imigração com dois cachorros. Passar no raio x, tirar sapato, casaco, abrir as malas de mão, tirar o casaco e fralda dos cachorros e depois colocar tudo de novo. Confesso que só de lembrar sinto um pouco de aflição, pois não foi fácil mesmo.

Já na imigracao no Canadá, foram 4 horas para completar todos os trâmites da nossa entrada no país. Scarlett dentro da bolsa estava bem, mas o Tony na coleira estava super impaciente, as vezes chorava e eu acabava pegando ele no colo. Nesse ponto gostaria de lembrar que eu estava com uma mochila nas costas, mala de mao e Tony nos bracos. Alem de precisar pegar documentos e papeis na mochila o tempo todo.
Então sim, foi muito difícil, cansativo e estressante. Um total de 15 horas entre voos, conexão, imigração e finalmente chegar no ARBNB.

E o que eu quero dizer com todo esse relato é:

Não desista. Eu jamais faria qualquer coisa diferente. Não existia outra forma par vir se não fosse assim. Deu tudo certo, viemos juntos, foi cansativo para todos os quatro. Mas pudemos deitar e dormir por 12 horas, abracados, juntinhos e muito felizes. Nada nesse mundo me deixa mais feliz do que estar na cama com toda minha família. Faria tudo isso de novo sem pensar duas vezes.

Muita gente me pergunta sobre como foi para certificar o Tony como animal de suporte emocional e eu entendo essa pergunta pois todos queremos levar nossos pets na cabine (despachar junto com as bagagens sempre parece cruel). Mas para conseguir esse status precisei comprovar os mais de 2 anos de tratamento psicológico, adestramento do Tony e me responsabilizar por qualquer estrago ou comportamento inadequado dele (que poderia resultar em cancelamento de toda a viagem).
Converse com seu psicólogo ou psiquiatra sobre a possibilidade de ter um animal de suporte emocional durante o voo.
Depois verifique se a companhia aérea escolhida aceita esse tipo de status para animal na cabine.
E por ultimo, providencie toda a documentação pedida pela companhia aérea.

Vale lembrar que varias companhias estão vetando diversas raças de cachorros de viajar (tanto na cabine quanto despachado). Leiam sempre todas as informações possíveis, liguem para o SAC, vá pessoalmente até o escritório de atendimento da companhia aérea escolhida (fiz isso 2 vezes), vá ao aeroporto e converse no guichê de embarque sobre os procedimentos de animais.


Isso vai levar tempo, vai custar dinheiro, mas é melhor ter tudo sob controle do que esbarrar em uma surpresa desagradável na hora do seu check in.
Eu fiz tudo isso que escrevi e consegui fazer tudo certo, sem problemas e sem surpresas. Só muito cansaço mesmo.

* Atenção: esse post é original do meu antigo blog, foi escrito em Novembro de 2018.*

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